"Se quisermos modificar algum coisa, é pelas crianças que devemos começar." (Ayrton Senna)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

REFLEXÕES SOBRE ALFABETIZAR EM ESCOLA PÚBLICA

Muitos professores ainda torcem o nariz para psicogênese da língua escrita. Ainda há muitas críticas a esse modelo de alfabetizar. Pois bem, como professora alfabetizadora de escola pública, digo que não há mais como alfabetizar através dos modelos tradicionais, na escola pública. Porque essa afirmação? Primeiro porque a sociedade de hoje não é mais a mesma de três ou quatro décadas atrás. Qual é a realidade de hoje? Vamos começar pelas mães de alunos, que em sua maioria trabalha fora, e não tem tempo para ajudar nos estudos dos filhos, ou não fazem por não ser alfabetizadas.Incapacitando-as também de contribuir para o aprendizado dos mesmos, ou simplesmente porque não tem compromisso com a educação desses. Uns dos fracasso da alfabetização está aí.
O fato é que a falta da ajuda nas tarefas de casa tirou algo muito importante para o desenvolvimento da escrita e leitura; as intervenções, que no modelo tradicional também eram feitas pelos pais em casa enquanto ensinavam as tarefas. Me diga, quem de nós no alto dos seus 35 anos não recorda de ter levado algumas repreensões (uns puxões) dos pais enquanto os mesmos ensinava os deveres de casa junto com determinadas observações? "menino escreve certo 'godo' não é 'gordo', falta letra aqui, acrescente letra ali, 'COLA' não é 'COLAR', aqui se diz 'U' más se escreve 'O' ", etc. Isso eram as intervenções de hoje tão necessárias em nossas salas para que o aluno avance em níveis de escrita. Essas intervenções estavam sendo feitas também pelos pais quando faziam os questionamentos acima. Pais, que em sua maioria, já eram letrados, digo isso porque na sociedade de uns trinta anos atrás só realmente se preocupavam em mandar os filhos para a escola pessoas letradas ou aquelas que mesmo sem serem queriam muito ver o filho letrado. Hoje não. Muitas vezes o que move o pai a colocar o filho na escola são os incentivos do governo, como Bolsa Escola e outros. Isso é ruim? Não é ótimo. Nada contra. Contudo provavelmente o aprendizado desse aluno vai ser vivenciado apenas na escola já que as responsabilidades dos pais encerram em mandar o filho à escola para garantir o benefício. Caberá a escola desenvolver nesse aluno todas as habilidades necessárias para aquisição da leitura e da escrita e só a ela, ou melhor, muitas vezes só a professora. Se esse aluno for alfabetizado nos modelos tradicionais. Onde o aluno vai passar pelo processo de aprender letra por letra , exercícios de prontidão , traçadas de cada letra, e os sons que elas vão representar sozinhas ou acompanhadas pelas vogais o aluno vai passar um bom tempo fazendo esses exercícios, sem saber em que esse saber vai ajudá-lo. Pode acabar achando tolo e sem significado essas aulas. E quando ele realmente precisar usar a escrita ,o que ele aprendeu no ensino tradicional não vai ajudá-lo. Suas escrituras (textos) se ele aprendeu apenas silábicamente vai conter uma infinidades de erros. Isso vai ajudar ele acreditar que é um fracasso, se não tiver ninguém que o ajude a questionar sobre o que escreveu para que ele perceba o que lhe falta e avance nas suas hipóteses, se não ajudarem superar todas as suas necessidades de aprendizagem, a família também não fará. Esse aluno não terá quem lhe ajude a superar as falhas que o ensino tradicional deixa numa criança faltosa, desatenciosa e sem limites. Que no mundo em que vive não e capaz de entender pela sua pouca idade a necessidade de se apropriar da língua escrita, essa criança vive em grupo que tem outros valores. Onde leitura e escrita e algo secundário, o método tradicional que no ínicio do seu processo e desprovido de textos significativos deixa essa situação ainda mais abstrata para a criança e ela pode acabar achando bobo realmente o que ela está vendo na escola. O desejo de aprender acaba desaparecendo junto com o lápis e o caderno que ele nunca trás ou some no meio da aula, a vontade de aprender vai dando lugar aos maus hábitos e assim esse aluno vai se tornando um fardo para escola. Aí em em vez da escola está fazendo um leitor está contribuindo pra estigmatizar o aluno e colocá-lo nas estatísticas dos alunos fadados ao fracasso escolar. Se aprende escrever escrevendo e se deparando desde de cedo com os desafios da nossa língua escrita se ainda não escrevo de forma convencional mas o que já consigo fazer? Como penso que se escreve isso ou aquilo ,se ainda não escrevo correto o que me falta ainda para chegar lá. Não é pelo número vezes que escrevi uma palavra que vou fixar sua grafia . Tem que estimular o aluno a pensar a questionar, a construir e desconstruir hipóteses sobre a escrita. Fico triste quando escuto de algumas colegas a principal frase de resistência ao modelo que eu estou defendo, a frase e sempre a mesma: eu aprendi assim, meu filho aprendeu assim. Seu filho é filho de professora vive em um ambiente letrado, você não é aluno contemporâneo de escola pública. Reflita, pense, vá além da sua própria crítica do seu próprio preconceito. Crie novas hipóteses de como o conhecimento acontece. Leia Emília Ferreiro. Ana Teberosky, Magda soares e outras. Desconstrua conceitos e construa outros, sobre como alfabetizar, e a psicogênese da escrita. O conhecimento sempre se deu da mesma forma ou seja ninguém aprendeu a ler e escrever repetindo, copiando, em algum momento esse aprendente criou hipóteses e avançou nessas hipóteses mesmo no ensino tradicional. Hoje com o conhecimentos que se tem a esse respeito ,pode se intermediar melhor esse processo tornando-o mais rápido e mais eficaz a aquisição da leitura e da escrita pelo aprendente
Djanira magalhães

3 comentários:

Anônimo disse...

Nós professores devemos ressignificar nossa ensinagem para que ocorra efetivamente aprendizagens significativas independente dos ¨atrape¨ que permeiam esse fazer pedagógico.Em suma temos que nos despirmos do tradicional ape sar de sermos fruto dele e nos banharmos de construti, passandovismo, como disse Fernandez o corpo, transversalizado pela inteligência e o desejo, alimenta-se e aprende, passando a representar o cenário onde se mostrará a história do alimentar-se, do aprender e do ensinar do sujeito.

Francisca disse...

A família é muito importante no acompanhento da aprendizagem das suas crianças, mas o professor tem que fazer o seu dever, que é de ensinar, fazer com que as crianças vá para casa e ela mesma faça suas tarefas sem que seja necessario de ter alguém lhe ajudando.É claro que os responsáveis pelas crianças tem que pelo menos ver a agenda, respoder os bilhetes da professora ou professor.

Djanira Magalhães disse...

Isso mesmo Francisca, muitos pais hoje em dia por falta de tempo ou de interesse não ajudam mais os filhos com os deveres de casa. O ideal seriam que eles também contribuissem com essa educação. perguntassem da aula, ajudassem nas tarefas, fossem os maiores insentivadores dos filhos, mas isso não acantece em sua totalidade,por isso vc tem razão as tarefas de casa devem ser algo que o aluno possa fazer sozinho sem muita interferencia dos pais, mas vc consegue ver, como isso empobrece a aquisição de conhecimento e até a relação pai e filho poderia se fortalecer nesse momento.