"Se quisermos modificar algum coisa, é pelas crianças que devemos começar." (Ayrton Senna)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

ALFABETIZAÇÃO E O METÓDO SILÁBICO




Você acha que o método silábico sozinha alfabetiza uma criança deixando-a apta a escrever textos. Então relacionando cada letra ao seu som, depois juntar cada consoante a uma vogal . Exemplo: B e A , BA, e assim sucessivamente até percorrer todo o alfabeto, o velho exemplo do, O BOI BABA e depois que adquirir esse conhecimento o aluno será capaz de produz textos sem cometer erros? Atenção eu não estou dizendo que não precise trabalhar a consciência fonológica, disso não tenha dúvida que é necessário. Estou questionando o trabalho apenas com as famílias silábicas. Vai ajudar o aluno a escrever? Se a resposta for sim, então estou concordando que cada letra representa um som criando uma espécie de código que eu vou usar para escrever palavras, certo?

Então vejamos:

Com exceção do (b, p, f, v, t, d) digo que as demais letras não representam apenas um som.

Me acompanhe:
A
B está entre as letras citadas acima
C tem som de k, Casa, cavalo não tem som de C o c com a devia ser sa
D ente as letras citadas acima
E tem som de ê de é e i, sorveti, pense, picolé
F letra citada acima
G som G com A não forma JA, forma GA de GATO de GAIOLA
H não tem som, é mudo o H algumas crianças grafam assim o H e o A HATO (GATO)
I muitas vezes se diz I mas se escreve É já foi dito, escreve (sorvete) fala (sorveti)
J o J e o A faz JA mas e o J e o E faz JE e o G e o E, GE e aí como escreve gelo e jegue.
L com A LA de lata más o L pode ser U em PAPEL

M e N mesmo som tampa, é m ou n, não estou falando de regras ortográficas estou falando de fonemas, sons das letras, quem eu vou grafar se ainda não conheço as regras.

N os mesmos exemplos da letra M o N e o A e NA de navio canta e planta
O
pode ser ô ou U lê-se U gato fugiu
Q, Q com A KA de kabeça, como se escreve cabeça não é como casa, como se escreve casa?
R ai a coisa complica, vejamos: RATO, ARARA, CARRO, CARO, MAR quantos sons tem o r?
S e A faz SA, de CASA, de PASSADO, CANSADO, de ASSADO ou de SAPATO e SAPO.
T citado acima.
U já foi citado, U ou O, é PATU ou é PATO.
X ai novamente fica mais complicado o x tem som de x, ou z, ou s, ou de ch,
Z tem de que de z, por EXEMPLO tem som de z e escreve com x.

- Pois é , e o mais engraçado colegas e que as letras citadas acima no parênteses não estão fora da vilânia do sistema escrito (b, p, f, v, t, d). Tem o mesmo ponto de articulação na boca e quando a criança vai falar, ele pode confundir e trocar as letras e assim poderá grafar v em vez f, ou seja, volha para folha, isso ainda me fez lembrar os dígrafos nh, lh, etc...
E aí alguém ainda concordada que o sistema silábico sozinho prepara uma criança para escrever. Se eu ensino assim e como estar preparando uma criança para um passeio em um lindo jardim (mundo da escrita) e dizer a ela que quando ela chegar lá irá encontrar lindos bichinhos inofensivos uma grama verdinha passarinhos borboletas, enquanto na verdade, o passeio será em uma floresta com animais ferozes leões, tigres, javalis, e até dragões, rsrsrs. (certas situações da língua escrita que assusta e confunde até nós professores). Vamos ensinar nossas crianças PASSEAR NO BOSQUE DIREITO.

Sei que qualquer profissional de linguística ou letras que tenha conhecimento maior em linguística vai encontrar falhas nesse meu discurso. Bem, eu sou pedagoga e alfabetizadora as questão levantadas acima são produtos de vivência, das dúvidas dos alunos na construção dos seus escritos, não de um estudo formal, ainda estou construindo esse conhecimento.

Bom o fato é que nem toda letra representa um único fonema, pois uma mesma letra pode ser representada por vários sons e um mesmo som pode ser representado por letras diferentes , não e bom que o aluno vá construir o seu conhecimento baseado-se em hipóteses erradas, e ele só vai descobrir essas questões sobre a escrita escrevendo e lendo seus escritos. Só se aprende lê lendo e escrever escrevendo. Também não estou dizendo que o aluno vá construir todo esse conhecimento sobre a escrita na alfabetização.
Contudo sou alfabetizadora de escola pública e sei que muitas vezes, o percurso do aluno e interrompido por trabalho ou por abandonar a escola, no caso esse aluno não pode esperar que se complete todo processo de estudo do primeiro grau até o nono ano pra que ele venha assimilar todas as regras gramáticais que é o que vai lhe assegurar esse conhecimento, ele pode experimentar isso enquanto é alfabetizado por que não?


O que foi dito acima em outras palavras, pede a des-construção de um saber que se mostra desatualizado. E desconstruir não significa simplesmente destruir. Pelo contrário, é desfazendo que encontramos novamente o solo fértil de onde podem brotar soluções mais adaptadas e criativas. Desconstruir implica entender que, às vezes, antes de dar dois passos para frente, é preciso dar um para trás. É como na história do garoto que, passando diante de uma casa que estava sendo demolida, gritou exultante para a mãe: "Olha, estão construindo um terreno!".

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